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Construção do equilíbrio emocional e a sombra psíquica

Mistérios da Mente Humana

Construção do equilíbrio emocional a partir do entendimento da própria sombra

A maioria das ciências que estuda a psiquê humana procura encontrar técnicas e métodos, para nos trazer de volta ao nosso equilíbrio psíquico ou, pelo menos, no caso da psiquiatria, meios de manter em contenção os surtos mais perigosos daqueles cujo desequilíbrio o levou a doenças psiquiátricos.

Quase todos esses estudos tentam desvendar o segredo das sombras psíquicas, no conjunto da personalidade humana.

Elas, as sombras, significam o lado escuro da verdade interior de cada pessoa, a parte que o indivíduo, de forma inconsciente, rejeita e, portanto, reprime, como se não fizesse parte dele ou, em alguns casos, o faz até de forma consciente ou semiconsciente, forçando ignorar essa verdade com sendo sua.

Quando isso se dá de forma consciente, essa sombra é a parte da nossa personalidade que nós não aceitamos como sendo nossa ou que, mesmo sabendo que seja nossa, procuramos esconder

até de nós mesmos.

Na psicologia analítica, Jung estuda esse processo em sua “Teoria das Sombras”, já que esses pensamentos constituem o lado obscuro de nossa mente.

Na psicanálise, Freud identifica como sendo a parte dos processos mentais que, por serem considerados dolorosos, incorretos ou desagradáveis, acabam sendo reprimidos, na parte inconsciente de nossa mente.

O problema é que essa repressão não apaga o seu conteúdo.

Pelo contrário, até os intensifica, criando uma verdadeira bola de energia, que fica ali contida, mas tentando extravasar a todo momento.

Seja a bola de energia de Freud ou a sombra de Jung, cujos significados trazem alguma semelhança, a verdade é que nunca seremos nós mesmos, sadios psiquicamente, equilibrados emocionalmente, se não nos integrarmos à essa nossa essência desconhecida, escondida de nós mesmos.

Enquanto não identificarmos e entendermos o conteúdo de nossas sombras estaremos alimentando carências as mais diversas, aumentando a necessidade de compensações emocionais, sentimentais e de prazeres diversos, como se o mundo não nos satisfizesse, como se a vida não tivesse qualquer sentido para nós.

Alguns poderiam pensar que bastaria eliminarmos a sombra, ou seja, esquecê-la de vez, varrer de nossa mente, apagar toda essa parte obscura.

Se livrar da sombra, ou eliminar essa bola de energia, seria um objetivo muito simplório, para quem desejaria ter, em si, apenas a parte positiva de toda a sua personalidade e:

-Nunca mais ter acesso ao que ficou para trás e que nos faria sofrer, se lembrássemos;

-Nunca mais sentir os desejos e as vontades que consideramos incorretos socialmente, ou inadequados às nossas opções ou ao nosso EGO aparente e assim não alimentarmos angústias dolorosas;

-Nunca mais sentir raiva de alguém, querer discutir, querer brigar, e assim estar bem com todo mundo o tempo todo.

Parece interessante!

Mas... Pode não dar certo!

Lembram de Peter Pan?

Sua sombra fugia dele, sempre que podia, o que significava que ele ficava apenas com a parte pura de sua personalidade.

Nesse período ele não seria capaz de pisar numa formiga! Isso parece sublime!

Mas tão puro assim, ele jamais conseguiria combater o Capitão Gancho!

Sem a parte dura, perversa ou maliciosa de sua personalidade, ele jamais venceria uma batalha!

A sombra desconectada o deixava ingênuo, totalmente vulnerável.

A sombra, quando integrada aos seus sentimentos e emoções, complementava a sua personalidade, eliminando a ingenuidade vulnerável.

Com a parte astuta, Peter Pan passava a ser capaz de criar estratégias de combate contra o Capitão, pregar-lhe peças, enganá-lo.

Por isso ele pediu a Wendy que costurasse sua sombra em seus pés.

Lógico que Sininho, a fadinha da história, apaixonada pela ingenuidade de Peter, preferia ele sem a sombra.

Sim, porque outra parte importante da sombra é a disposição para um amor mais forte do que o amor fraternal.

E isso começou a preocupar Sininho.

Peter integrado com sua sombra poderia vir a desenvolver a atração sexual que transformaria Wendy em rival de Sininho...

O conteúdo da sombra, então, é tão importante quanto o conteúdo de toda a nossa psiquê, uma parte complementando a outra, desde que sendo bem entendido, analisado, ressignificado, para que a integração seja totalmente construtiva em termos de felicidade e satisfação pessoal.

Afinal, esse lado faz parte de nós! Nós só temos que saber como identificá-lo, entendê-lo e, assim, alcançarmos o nosso equilíbrio emocional e psíquico. Sem esse lado não há evolução fácil.

Ignorar os conteúdos de nossas sombras significa ignorar uma parte de nós mesmos e, muito possivelmente, essa parte é a que pode dar o impulso que precisamos para nosso sucesso pessoal, profissional e amoroso.

Mas é importante que estejamos muito atentos ao iniciarmos essa viagem rumo ao interior de nossa mente, para evitar sermos enganados pelas interpretações intempestivas e precipitadas de cada parte do conteúdo que encontrarmos.

Vamos analisar, hoje, um dos conteúdos que mais encontrei, até agora, nesses acompanhamentos e orientações:

Ao identificarmos um desejo contido que parece nos machucar muito, pela impossibilidade de sua satisfação, precisamos analisar tudo o que está contido nesse desejo, sua origem, sua evolução, a razão da negação da sua satisfação, como se fossemos um leitor analisando um relato de alguém.

Essa análise deve ser a mais fria e neutra possível, para identificar enganos de observação muito comuns quando uma pessoa, por exemplo, se apaixona por outra e pensa estar sendo correspondida.

Nessa análise criteriosa não é difícil descobrir a inexistência da reciprocidade que estava sendo criada na nossa mente como uma fantasia conveniente.

Após a constatação da inexistência da reciprocidade, a energia desse desejo começa a ser liberada. A parte negativa desse desejo contido começa a ser esvaziado do conteúdo da sombra.

Mas permanece na sombra o impulso pela paixão, pelo amor, pelo relacionamento afetivo e amoroso, que são elementos necessários à construção da felicidade.

Mas, agora, sem a parte negativa, que havia sido construída por nós mesmos, na nossa cegueira conveniente, manchando a nossa pureza de sentimentos.

Ficamos livres, agora, à espera da chegada de alguém com sentimentos recíprocos.

Não descartar esse engano manteria o sofrimento desnecessário e nos cegaria para a possibilidade de identificarmos paixões verdadeiras que, com certeza, surgirão em nosso caminho.

Há muitas outras situações diferentes, é claro!

Em dezenas de conversas que tive com adolescentes: uns em desespero de desmotivação para com a vida, devido ao uso frequente de drogas; outros em processo de automutilação ou após tentativas de suicídio, sem motivação aparente; outros com sintomas semelhantes a esquizofrenia, embora conscientes disso; em todos eles havia uma desconexão total entre eles e os conteúdos de suas sombras psíquicas.

Todos precisam enfrentar esse desafio iniciando da mesma forma, com o mergulho profundo em seu próprio interior, para identificar, analisar e ressignificar, todos os sentimentos, as emoções e desejos ali contidos

Sem conhecer sua sombra, sem identificar e analisar seus conteúdos e sem ressignificá-los corretamente, não retornaremos ao equilíbrio emocional necessário à construção da nossa felicidade.

E, para terminar nossa conversa de hoje, lembrem sempre:

Todos nós nascemos com todo potencial para sermos felizes, para termos sucesso e para termos excelentes relacionamentos.

Mas tudo isso é limitado quando agimos de acordo com a expectativa dos outros e não com as maravilhosas perspectivas de vida, proporcionadas pela integração da nossa sombra com a nossa psiquê.


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